Será que eu sou uma pessoa ruim?
Odete Roitman, Regina George, Cruella…
A posição da vilã nunca foi minha posição favorita.
Nos maniqueísmos da vida gosto de ser justa, mesmo que eu saia com a fama de má, eu prefiro fazer justiça. Agir conforme o que é certo.
Hoje enquanto arrumava o quarto me peguei ouvindo pontos de Xangô e aí eu, dentro da minha fé, perguntei-me: “Será que eu mereço o senhor na minha coroa, pai?”. Tanta gente me vê como a vilã da história, mas eu nunca quis ser vilã.
O que eu sei é que eu agi como estava dentro das minhas capacidades naquele momento. E às vezes o que a gente pode fazer, não é o ideal. Porque a gente só é capaz de agir conforme as nosas possibilidades momentâneas, em como está a configuração do cérebro naquele momento.
Eu me arrependo de muita coisa nessa vida, às vezes eu penso que eu deveria ter dormido passando vontade. O equilíbrio é realmente uma luta incessante. Há bem no mal, há mal no bem.
Nem tudo está dentro dos nossos maniqueísmos cansativos internos e está tudo bem. Não estamos sentados no banco de uma igreja rezando 30 ave marias e 50 pai nossos para pedir desculpas pelas nossas penitências.
Como eu disse no primeiro texto aqui da newsletter, me pego sempre pensando no que o outro vai pensar. O superego de Freud se torna extremamente operante nas mentes mais fracas. O superego sempre será o olhar do outro, que muitas vezes está ocupado olhando mais para si que para o outro.
O julgamento do outro é sempre mais sobre o outro do que sobre nós mesmos.
Não suportamos nossas próprias falhas e projetamos no outro como se fosse o pior dos pecados.
Termino esse texto dizendo que sim, eu fui uma pessoa má para algumas pessoas. Isso não significa que eu seja má, a maldade verdadeira existe quando há intenção em ser mau. Eu não quero ser má, eu só quero me defender dentro desse casulo que eu criei para me proteger das dores que as pessoas já me causaram.
Eu queria tirar esse telefone do gancho e deixar a linha no ocupado. Ligar menos me faria verdadeiramente feliz.
A única pessoa na qual eu devo cem por cento de benevolência é a mim mesma e ninguém mais.